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Resolvi comentar: Birdman (Ou A Inesperada Virtude da Ignorância)

Um filme ótimo até mesmo em entediantes e sonolentos domingos chuvosos. E, por incrível que pareça, era esse o ambiente em que eu assisti ao filme.
Riggan Thomson era um ator bastante conhecido por ter interpretado o super-herói Birdman numa trilogia homônima. Depois desse papel, sua carreira foi de mal à pior e não tem mais o sucesso que tinha quando interpretava o personagem. Para reerguer sua carreira como ator, decide dirigir, roteirizar e atuar numa peça de teatro. Enquanto trabalha nela, ainda tem que lidar com os problemas com sua esposa e filha, além da voz que escuta regularmente, dizendo-lhe a verdade sobre as coisas que Riggan faz, e que encarna, na cabeça do protagonista, Birdman, o mesmo super-herói que lhe deu toda a fama e dinheiro.

Sabe aqueles dias em que nada dá certo e, de tanta raiva, você tem vontade de atravessar uma parede um com soco? Mas, no final, tudo se resolve? Birdman é uma representação disso em forma de filme, acompanhado de ótimas atuações de todo o elenco e diálogos que dá vontade de emoldurar e colocar na parede.
Michael Keaton, nesse filme, tá maravilhoso. Não é só ele, aliás. Todas as atuações estão num mesmo nível, até mesmo com aqueles personagens que tem pouquíssimo tempo de tela comparados aos outros. Mas Keaton é o destaque em Birdman, filme que muitos dizem ser uma representação da situação que o ator estava vivendo, o que não deixa de ser uma verdade. Aqui, o ator apresenta uma atuação que, em determinado momento, pode deixar o espectador de queixo caído. No meu caso, cheguei a compartilhar a raiva que o protagonista teve num momento do filme. Pois é, mesmo sem nenhum motivo na minha vida, fiquei irritado junto com Riggan. Esse foi o nível de empatia que eu criei com o personagem :D.
Zach Galifianakis (à esquerda) e Michael Keaton (à direita).

O ator que você deve conhecer pela trilogia “Se Beber não Case”, Zach Galifianakis, aqui prova que pode ser sim um ator que não faz só aquelas comédias de “desligar o cérebro”. Também tá mais magro que o normal (deu até uma inveja).
Não diria que esse filme é parado, mas você vai precisar ter paciência. Uma das razões para isso é a bateria, que serve como trilha-sonora em boa parte do filme, e ficar incomodado com ela não é uma coisa lá muito difícil. Mesmo com ela, o filme conseguiu me “prender” pelos diálogos. São tão bem escritos, com tanto esmero, que seria um trabalho bem difícil reunir os melhores.
Não é linda?

Falando em coisas boas, vamos falar da fotografia desse filme. É linda, meus amigos e minhas amigas. Tem até uma cena que, de tão bonita visualmente, tenho certeza que serviu de papel de parede para o computador de muitas pessoas. Não que isso seja de muita importância, mas ela até ganhou o Oscar deste ano. Mas ainda não dá pra acreditar que o Keaton não levou o de melhor ator.
O filme faz uma crítica aos filmes de super-heróis e àqueles de “desligar o cérebro”, que formam filas e mais filas no cinema. Não, “desligar o cérebro” fica pejorativo demais, são, na verdade, aqueles filmes para se divertir mesmo e que não prometem nada além disso. O meu ponto é: pra quê falar tão mal deles, rebaixá-los?
Quer um filme francês filosófico? O cinema tem! Quer um filme de suspense do tipo que você não desgruda os olhos, querendo saber o que acontece no final? O cinema tem! Quer filme nacional? O cinema tem, só os próprios brasileiros que são ingratos! Uma comédia do Adam Sandler ou Rob Schneider? O cinema tem! Mas numa coisa o filme está certo em criticar: o quanto dessas produções (mencionadas acima) são lançadas por ano, impossibilitando outros filmes de chegar ao grande público, a.k.a o povão. Inclusive, no cinema que vou frequentemente, me lembro que na época em que Velozes e Furiosos 7 ainda estava sendo bastante comentado pelo povo e pela mídia, quase todas as salas foram ocupadas com o novo filme de Toretto e cia. A pergunta é: e os outros filmes, como fica? Eles também precisam de um lugar ao sol. Assim não dá.
Birdman ou A Inesperada Virtude da Ignorância é um ótimo filme, que propõe uma discussão interessante, além de ter ótimos diálogos, uma fotografia linda e atuações ótimas de todo o elenco, dando um merecido destaque para Michael Keaton. Pena que ele perdeu para o Eddie Redmayne no Oscar deste ano. O destino pode ser bem injusto às vezes, sabe?.

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